Vozes pichadas de Atibaia

Andar pela cidade, apesar de parecer, não é apenas se deslocar habitualmente entre uma direção e outra, mas sim, é ler a todo o momento o espaço em redor e ver o que ele nos fala, para a partir daí, decidirmos em fração de segundos o que fazer e por onde ir.

            A todo o momento lemos o espaço urbano, pois lemos o sinal de transito para atravessarmos a rua, lemos a praça para avaliarmos o tipo de pessoas que a freqüentam, lemos símbolos para saber onde é a policia, hospital etc.

            No entanto, algumas leituras importantes do espaço urbano nos escapam, talvez pelo fato de nos exigirem um pouco de reflexão mais profunda. Mas mesmo assim são leituras que podem nos revelar muitas faces da cidade, faces reveladas por artistas como grafiteiros e pichadores que possuem uma visão peculiar sobre a o espaço urbano.   

             No município de Atibaia encontramos algumas manifestações dessa leitura urbana feita por artistas grafiteiros.

Essa obra feita por um artista desconhecido é composta por alguns elementos que se unem para transmitir a mensagem, notamos de inicio a presença de muitos símbolos da reciclagem que se espalham por toda obra. No centro um homem em movimento, onde o seu traçado nos remete ao ultimo estágio evolutivo do homem, imagem comumente encontrada em desenhos nos livros de biologia que descrevem a evolução humana desde os primórdios. E finalmente na parte superior direita temos um quadro branco onde o artista faz uma brincadeira com as palavras para nos dizer que “amar” cura a “amargura”.

            Esse artista ao nos falar da cidade toca em um ponto sensível, que é o das relações humanas no meio urbano. Essas relações estão sujeitas a diversas variações de humor, fato esse que as situam em um tipo de ciclo, onde o individuo ao transitar pela cidade em um dia está feliz e no outro dia triste e no outro feliz novamente. A isso se remete o símbolo da reciclagem que está na imagem, que reitera não apenas o ciclo dos sentimentos, mas também fala de sua reciclagem, onde um sentimento ruim pode vir a se transformar em uma coisa boa.  

            Ainda falando do ciclo e das mudanças dos sentimentos, temos o quadro branco na parte superior direita da imagem, que vai reiterar essa mensagem ao nos sugerir que a amargura pode ser revertida pelo amor. E por ultimo a presença do homem caminhando no centro da obra no informa algumas coisas, a primeira é que o artista está falando do homem, segundo, que é o homem que caminha tanto pelo espaço urbano como pelo caminho evolutivo dos seres vivos. E se focarmos nesse ultimo aspecto podemos inferir que o ato de amar para curar a amargura pode ser um gesto que demonstre evolução humana.